21/02/2025 - Casos de mortalidade de febre amarela diminuíram com troca de plasma de pacientes contaminados, mostra estudo da USP
A febre amarela é uma infecção viral transmitida por diversas espécies de mosquito. Foto: Governo de SP
| Agência de Notícias do Governo do Estado de São Paulo
Apesar de a estratégia aplicada ter se mostrado bem-sucedida em pesquisa, ela não substitui a vacinação, única forma de evitar a doença
Um estudo recentemente publicado mostrou que uma estratégia desenvolvida pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) diminuiu em 84% a mortalidade de pacientes com febre amarela em estado grave. O método, que consiste em uma estratégia de troca de plasma, foi inicialmente experimentado durante o surto da doença nos anos de 2018 e 2019 e, com o recente crescimento do número de casos, a prevenção e tratamento da doença voltam à importância pública.
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A febre amarela é uma infecção viral transmitida por diversas espécies de mosquito, o Aedes e o Haemogogus. Em seus casos mais graves, pode causar uma hepatite fulminante. Segundo o professor Vanderson Rocha, diretor do Serviço de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores que assinaram o estudo, a doença “ataca os hepatócitos, as células do fígado, levando à morte desses pacientes na forma grave”.
Segundo o professor, o tratamento tradicional para esses casos requer tratamento de suporte, ou seja, o transplante de fígado e, por causa disso, a recuperação é complexa. “A gente sabe de toda dificuldade de transplante de órgão e é claro que encontrar o fígado numa situação de urgência é muito difícil também. Então era um tratamento de suporte para os problemas de coagulação, os problemas que isso pode causar”, explica Rocha.
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Mortalidade alta
O professor relata que no primeiro grupo de pacientes, tratados pela médica Ho Li, coordenadora da UTI de Infectologia do Hospital das Clínicas e primeira autora do estudo, 35 pacientes faleceram, de um total de 42 enfermos (85%). A mortalidade era alta, mas, com a aplicação da troca plasmática, que consiste na troca de um plasma doado, sem a doença, e na retirada do plasma doente, com toxinas, o número de mortos do segundo grupo estudado apresentou queda. Esse grupo totalizava 11 pessoas, das quais nove morreram (82%). Em vista dos resultados, Rocha relata que uma troca de plasma intensiva foi aplicada no terceiro e no último grupo de 14 pacientes e, com isso, a carga viral diminuiu para nula, assim como o número de óbitos: apenas dois (14%).
Frente à nova onda da doença, o professor mostra preocupação com os oito novos casos de mortes e ressalta a importância da vacinação, acima de tudo. “A gente tem que saber que o mais importante é evitar a doença. E, é claro, prevenir com a estratégia de vacinação, que é o que está sendo feito. É importante a gente destacar que é uma doença que vai e vem, a gente tem que lidar com essa realidade.”