Acolhimento com Classificação de Risco em Obstetrícia - Hospital Estadual de Presidente Prudente
ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM OBSTETRÍCIA
Hospital Estadual de Presidente Prudente
DRS XI - Presidente Prudente
Introdução
A Rede Cegonha é uma iniciativa do Ministério da Saúde - MS lançada pelo Governo Federal em 2011 com objetivo de proporcionar melhor atenção e qualidade de saúde para mulheres e crianças. É desafio e compromisso do Governo Brasileiro ampliar o acesso a uma assistência humanizada, segura e de qualidade nos serviços de saúde, garantindo que o SUS seja cada vez mais universal, integral, equânime e resolutivo, o que é responsabilidade de todos os gestores e profissionais da saúde, contando com a participação e corresponsabilização dos usuários.
Nessa direção, a Rede Cegonha adota estratégias para reorganização dos processos de trabalho no campo obstétrico-neonatal e este Manual aborda uma de suas principais diretrizes, o Acolhimento e Classificação de Risco nas portas de entrada dos serviços de urgência de obstetrícia (A&CR).
Segundo a Política Nacional de Humanização "acolhimento traduz-se em recepção do usuário nos serviços de saúde, desde a sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse suas preocupações. Implica prestar um atendimento com resolutividade e corresponsabilização, orientando, conforme o caso, o usuário e a família, garantindo a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência quando necessário." (PNH/MS, 2006). Desejado como um processo transversal, permeando todos os espaços do serviço e rede, o acolhimento é, antes de tudo, uma postura a ser exercida por todas as equipes para melhor escutar e atender às necessidades singulares da mulher / gestante.
Acolhimento significa pensar também na cogestão dos processos de trabalho, das equipes, dos serviços e das redes, sempre se remetendo à perspectiva da clínica ampliada. Assim o acolhimento deixa de ser um ato isolado para ser também um dispositivo de acionamento de redes internas, externas, multiprofissionais, comprometidas com as respostas às necessidades dos usuários e famílias.
O acolhimento como uma tecnologia para viabilizar o direito ao acesso, atendimento e resolutividade em tempo adequado, passa a ser adotado no SUS a partir da reinvindicação dos usuários, dos conselhos e das conferências de saúde.
O ato de acolher não deve se restringir a uma atitude voluntária de "bondade" e "favor" por parte de alguns profissionais; não se reduz a uma reorganização espacial com adequação de recepções administrativas e outros ambientes, nem também a uma ação de triagem (administrativa, de enfermagem ou médica) com seleção daqueles que serão atendidos pelo serviço naquele momento.
O A&CR levam à tomada de decisões do profissional de saúde a partir de uma escuta qualificada, associada ao julgamento clínico embasado em protocolo fundamentado cientificamente.
Objetivo
- Promover e garantir o acesso e a qualificação do cuidado à saúde das mulheres, bem como dos recém-nascidos durante todo o percurso no serviço, envolvendo a recepção, os espaços assistenciais, as providências para propiciar resposta definitiva e/ou encaminhamento responsável para outros locais.
- Ampliar o acesso a uma assistência humanizada, segura e de qualidade nos serviços de saúde, garantindo que o SUS seja cada vez mais universal, integral, equânime e resolutivo, sendo responsabilidade de todos os gestores e profissionais da saúde e contando com a participação e co-responsabilização dos usuários.
Justificativa
- Acolher as necessidades e demandas relacionadas ao processo gravídico;
- O acolhimento da mulher e acompanhante tem função fundamental na construção de um vínculo de confiança com os profissionais e serviços de saúde, favorecendo seu protagonismo especialmente no momento do parto;
- Reorganizar a porta de entrada, assim como todo o atendimento na maternidade;
- Identificar, através de queixas comuns da gestação, situações clínicas que demandam ação rápida.
Indicações potentes na perspectiva de sucesso na efetivação da implantação
Pesquisa sobre grau de satisfação dos usuários e trabalhadores:
- Identificação de problemas externos que impactam diretamente no atendimento do serviço;
- Análise continuada dos fatores que interferem na reorganização do fluxo de atendimento;
- Levantamento dos sinais que indiquem fragilidade na adoção do protocolo, assim subsidiando reajustes e atualização das capacitações para as equipes;
- Reuniões periódicas de avaliação da implantação com levantamento coletivo dos problemas e sugestões de soluções.
Desenvolvimento da ação
Data |
Ação |
Paticipantes |
Avaliação |
14/03/2017 |
- Construção coletiva com a equipe em geral; - Uso de metodologias interativas de identificação de problemas na assistência e organização dos serviços e elaboração coletiva de propostas de ação, para aprimorar capacidade de análise e intervenções. |
Enfermeiros, representante do SAME, representante do Conte Comigo, psicóloga, assistente social / articuladora de humanização |
Formativa e Diagnóstica 8h00 as 16h00 |
24/03/2017 |
- Reunião do NEPH sobre o tema Acolhimento com Classificação de Risco, com objetivo de socializar informações referentes as ações desenvolvidas pelo HEPP e disseminação do protocolo específico de classificação de risco em obstetrícia. |
Equipes do NEPH da Região Alta Sorocabana / articuladora de humanização |
Formativa 9h00 as 13h00 |
12/04/2017 |
- Reunião do Coletivo de AMEs e Hospitais sobre o tema Acolhimento com Classificação de Risco, com objetivo de socializar informações referentes as ações desenvolvidas pelo HEPP e disseminação do protocolo específico de classificação de risco em obstetrícia. |
Equipes dos AMEs e Hospitais / articuladora de humanização |
Formativa 9h00 as 13h00 |
20/04/2017 |
- Discussão para potencializar a construção do protocolo de ACCR obstétrico com base na realidade local; - Levantamento de ações que fragmentam o processo de trabalho, tendo em vista a integralidade do cuidado, tais como: passagem de plantão, falta de protocolos de qualificação de encaminhamentos por regulação de vagas, emissão de FAA com duração de 24hs, conflitos interpessoais, assinatura do termo de responsabilidade na internação, escrita com caneta de cor vermelha no período noturno, reflexão das linhas de produção, tendo como exemplo a avaliação antropométrica no ambulatório. |
Enfermeiros, auxiliares de enfermagem e técnicos de enfermagem, representante do SAME, dos motoristas e vigias, psicóloga, assistente social / articuladora de humanização |
Formativa e Diagnóstica 8h00 as 13h00 |
24/04/2017 |
- Início da elaboração do projeto de ACCR. |
Enfermeiro ambulatório / enfermeira educação continuada |
Formativa 15h00 as 19h00 |
25/04/2017 |
- Término da elaboração do projeto de ACCR; - Construir instrumento de coleta de dados para ACCR; - Construir instrumento de avaliação diagnóstica em relação as cores e unidades que referenciam pacientes com falta de qualificação. |
Enfermeiros do ambulatório |
Formativa 07h00 as 13h00 |
26/04/2017 |
- Apresentação do Protocolo de ACCR com sugestão de ajustes de acordo com a realidade local; - Construção do POP Acolhimento com Classificação de Risco em Obstetrícia e Verificação de Pressão Arterial. |
Enfermeiros ambulatório / diretor clínico da obstetrícia |
Formativa e Diagnóstica 07h00 as 12h00 |
28/04/2017 |
- Construção do POP Verificação do Pulso Periférico, Frequência Respiratória, Temperatura e Glicemia Capilar. |
Enfermeiro |
Diagnóstica 13h00 as 19h00 |
01/05/2017 |
- Construção do POP Acolhimento de pacientes na urgência obstétrica. |
Enfermeiro |
Diagnóstica 14h00 as 16h30 |
02/05/2017 |
- Apresentação do Protocolo de ACCR e POPs a articuladora de humanização da SES de SP. - Apresentação da proposta de ACCR para o diretor do HEPP. |
Enfermeiros ambulatório / articuladora de humanização |
Diagnóstica 07h00 as 13h00 |
03/05/2017 |
- Visita aos setores do HEPP. - Participação do Acolhimento as gestantes de Presidente no Projeto Humanizar para nascer, orientando quanto a implantação do ACCR no PA a partir do dia 08/05/2017. - Construção do POP de Antropometria. |
Enfermeiro ambulatório / articuladora de humanização |
Formativa 07h00 as 13h00 |
04/05/2017 |
- Reunião com a equipe do ambulatório / PA para apresentação e socialização de ACCR. |
Enfermeiros ambulatório / articuladora de humanização / SAME |
Formativa / Diagnóstica 10h30 as 12h00 |
08/05/2017 |
- Reunião com as equipes do Berçario Externo, Maternidade 1 e Unidade 4, do plantão do período da manhã, com apresentação e socialização do protocolo de ACCR. |
Enfermeiro educação continuada / enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem dos respectivos setores |
Formativa / Diagnóstica 10h30 as 12h30 |
11/05/2017 |
- Apresentação do Projeto e do Protocolo de ACCR para os representantes dos setores. - Apresentação do protocolo de ACCR in-loco pela enfermeira Flávia na maternidade 2. |
1 representante de cada setor (enfermeiros) / enfermeira do ambulatório / SAME / AE / articuladora de humanização |
Formativa / Diagnóstica 08h00 as 10h30 |
12/05/2017 |
- Café da manhã com os enfermeiros no Hotel JR, em comemoração a semana da enfermagem. - Reunião com as técnicas de enfermagem do berçário externo, para apresentação e socialização do protocolo de ACCR. |
Enfermeiro da educação continuada / enfermeiros / técnicas de enfermagem |
Formativa / Diagnóstica 09h00 as 11h30 |
15/05/2017 |
- Início e término da construção do protocolo completo escrito de ACCR. |
Enfermeiro educação continuada |
07h00 as 10h30 |
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Próximas ações: |
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- Constituir grupo de trabalho de planejamento, monitoramento e avaliação. |
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- Elaborar plano de ação (matriz de intervenção). |
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Construir agenda de monitoramento e avaliação permanente. |
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- Adequar os fluxos de atendimento nos serviços de apoio diagnóstico, CO, Ambulatório de Especialidades, entre outros. |
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- Fazer avaliação do estudo da demanda a respeito de qual o predomínio de cores e unidades que referenciam sem qualificar o encaminhamento. |
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- Agendar reunião com apoio matricial com as equipes e verificar qual a dificuldade de acompanhamento pré-natal nas respectivas unidades de APS. |
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- Elaborar protocolo de regulação de vagas do ambulatório de obstetrícia e pediatria. |
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Orientações
Classificação de Risco: Passos
1. Avaliar nível de consciência / estado mental
2. Verificar ventilação e circulação / dados vitais
3. Avaliar a dor
4. Avaliar sinais e sintomas
5. Considere os fatores de risco
Dicas de como abordar a paciente:
- Você tem dor?
- Em uma escala de 0 a 10, como você classifica sua dor, considerando como 0 nenhuma dor e 10 a pior dor que você pode imaginar.
Observação:
a) Se não tiver dor, a classificação é zero;
b) Se a dor for moderada, seu nível de referência é 4 a 6;
c) Se for intensa, seu nível de referência é 7 a 10.
Atendimento Imediato |
- Saturação < ou = 89% em ar ambiente - Convulsão em atividade - Desidratação intensa com sinais de choque - Hemorragia em qualquer intensidade - Estridor - Hipertonia uterina - Apnéia ou parada e/ou padrão respiratório ineficaz - Hipotensão (PAS < ou = 80 mmHg) - Taquicardia (> ou = 120 bpm) - Bradicardia (< ou = 45 bpm) - Sinais de choque: pele fria, palidez acentuada / perfusão limítrofe, sudorese, pulso fino e síncope postural - Insuficiência respiratória (Incapacidade de falar / fala entrecortada; Cianose; FR < ou = 10 irpm; FR > ou = 32 irpm; Respiração agônica / dispnéia extrema / fadiga muscular; Uso de musculatura acessória. - Alteração do estado de consciência (Não-responsiva / Déficit cognitivo / Confusão mental; Letargia / agitação / paralisia; Alteração grave de comportamento com risco imediato de violência o agressão contra si ou contra outrem) - Trabalho de parto em período expulsivo; - Gestante com dor aguda (> ou = 7 / 10) - Prolapso de cordão umbilical - Exteriorização de partes fetais pelos genitais - Pós parto imediato (mãe e criança): parto no trajeto ou domiciliar - Gestante escoltada |
Atendimento até 30 minutos (Urgente) |
- Gravidez > 28 semanas (Trabalho de parto: contrações intensas a cada 2-3 minutos; Queixa de ausência de movimentos fetais nas últimas 24hs) - Gestante ou puérpera com: Hipertensão com PA > ou = 140 x 90 mmHg com ou sem queixa de cefaléia, epigastralgia e/ou alterações visuais - Febre em gestante e/ou puérpera com Tax > ou = 38 °C com ou sem alteração mental importante - Doença psiquiátrica com rigidez de membros (Obs.: Encaminhar ao Hospital Regional - PAI) - Relato de convulsão em pós-parto - Dor abdominal intensa de início abrupto ou progressivo (> ou = 6 - 10 / 10) e dor lombar forte e/ou moderada (4-6 / 10) - Perda de líquido em grande quantidade ou média/pequena quantidade há mais de 12h - Êmese ou hiperemese de início agudo ou persistentes - Sinais de desidratação com ou sem repercussão hemodinâmica (letargia, mucosas secas, turgor pastoso), sem sinais de choque - Situações especiais (Referenciadas de outras unidades de atendimento, já avaliadas por outro médico e com diagnóstico de urgência) - Relato de diabetes - Dor persistente na perna que não melhora, acompanhada de edema e rigidez da musculatura da panturrilha - Dor abdominal moderada em puérpera ou não - Sinais de infecção, sítio cirúrgico associado a febre - Queixa ligada a amamentação e/ou ingurgitamento mamário com sinais flogísticos associados a febre - Sangramento moderado no puerpério - Retenção urinária -História de trauma na gestação |
Atendimento até 120 minutos (2 horas) - Pouco Urgente |
- Sintomas gripais (sem dispneia): dor de garganta, tosse produtiva persistente, obstrução nasal com secreção amarelada - Febril: Tax < ou = 37,9 °C - Relato de Êmese ou hiperemese sem desidratação - Queixa atípica de perda de líquido moderado - Queixas urinárias: disúria (dor/dificuldade para urinar), poliúria... - Gestante do pré-natal de alto risco - Perdas de líquido em pequena quantidade recente - Encaminhamentos do Centro de Saúde, não enquadradas nas situações de urgência - PAS < ou = 139 e PAD < ou = 89 mmHg - Idade gestacional acima de 41 semanas ou agendamento de cesariana a pedido > 39 semanas - Retirada de pontos - Avaliação de exames solicitados eletivamente |
Referências
1. Protocolo de Acolhimento com classificação de risco em obstetrícia. Ministério da Saúde; 2014.
2. Protocolo de Acolhimento com classificação de risco em obstetrícia e principais urgências obstétricas. Secretaria Municipal de Saúde. Belo Horizonte; 2010.