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Cartas de Oswaldo Cruz revelam as controvérsias nas pesquisas sobre a vacina no Brasil

A edição de setembro de 2011 da revista científica História, Ciências, Saúde - Manguinhos, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), publicou o artigo Oswaldo Cruz e a Controvérsia da Sorologia. Elaborado pelo pesquisador Jorge Augusto Carreta, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), o estudo baseia-se nas cartas que Oswaldo Cruz trocava com cientistas no início do século XX a respeito de pesquisas relacionadas ao desenvolvimento da vacina. Nessa época, o uso da vacina causava controvérsias na comunidade científica, bem como medo entre a população do Rio de Janeiro. Era um método ainda pouco eficaz, além de ocasionar sequelas e casos de óbitos.

Em 1904, a Diretoria Geral de Saúde Pública do Rio, chefiada por Oswaldo Cruz, impôs novas leis sanitárias à população do Rio e também instituiu a vacinação obrigatória. Essas ações geraram indignação por parte do povo, culminando na chamada Revolta da Vacina. Carreta, em entrevista ao Instituto de Saúde, comenta sobre o caso: "As leis que impuseram a fiscalização das moradias e a vacina obrigatória passaram pelos canais institucionais, mas não necessariamente pelo crivo do povo. Havia também muita discordância entre os próprios médicos sobre a eficácia dos métodos e produtos derivados da bacteriologia. A revolta da Vacina está relacionada justamente, mas não só, à maneira como a Diretoria Geral de Saúde Pública tentou impor as novas regras sanitárias, de forma abrupta e autoritária".

Para conseguir dar continuidade às pesquisas do Instituto de Manguinhos e enfrentar a má reputação que tinha entre a população e alguns jornais da época, Oswaldo Cruz utilizava sua retórica, como observa Carreta: "Não eram todos os jornais que se opunham a Oswaldo Cruz. Ele contava com apoio de parte importante da imprensa. Digamos que ele, além de competente cientista, também era dotado de habilidades políticas e administrativas. Essas competência e habilidades foram fundamentais para o sucesso de alguns de seus projetos".

Outra característica importante que possibilitou o sucesso de Oswaldo Cruz à frente do Instituto de Manguinhos foi sua determinação, tanto na política como na ciência. "Oswaldo Cruz acreditava firmemente em sua ciência e considerava que os problemas causados pelos soros e vacinas iriam desaparecer conforme os experimentos avançassem. Sobretudo, ele defendia todo um projeto de ciência representado pelo Instituto de Manguinhos", afirma Carreta.

Serviço

O artigo Oswaldo Cruz e a Controvérsia da Sorologia está disponível na íntegra aqui.

As cartas de Oswaldo Cruz podem ser conferidas pelos interessados na Casa de Oswaldo Cruz (COC), que está localizada na Av. Brasil, 4365, em Manguinhos no Rio de Janeiro - RJ. O acervo da Casa pode ser consultado no endereço http://arch.coc.fiocruz.br/ Mais informações pelo telefone 55 (21) 3865-2121 ou pelo e-mail divulgacao@coc.fiocruz.br.

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