Redução da vacinação infantil é tema de matéria publicada pela Fapesp em agosto
24 de agosto de 2018
A revista Pesquisa Fapesp publicou, em sua última edição, uma matéria sobre as causas da queda na vacinação. Pelo menos 09 fatores foram listados para explicar esse fenômeno. As taxas de imunização de crianças atingiram os níveis mais baixos em 2017 (nos últimos anos). Isso reforça a importância da campanha atual, que prevê a proteção de 11,2 milhões de crianças de 01 a 05 anos, contra poliomielite e sarampo.
A redução da aplicação da vacina tríplice viral é uma das causas do surto de Sarampo em Roraima e no Amazonas; o índice de imunização baixou de 96% para 84%, entre os anos de 2015 e 2017. A incidência dos casos de sarampo havia sido eliminada em 2016, porém retornou com a imigração dos venezuelanos. Neste ano, até o dia 23 de julho, foram registrados 882 casos e cinco mortes.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), outros nove imunizantes indicados para o primeiro ano de vida tiveram redução na aplicação. Essas vacinas, juntamente com a tríplice viral, protegem contra 17 doenças causadas por vírus e bactérias e estão disponíveis nas Unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2017, a cobertura de seis vacinas caiu de 18 a 21 pontos percentuais com relação a 2015. Apenas a vacina BGC atingiu os níveis de imunização recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outra preocupação é o retorno da poliomielite. O ano de 2017 apresentou a proporção mais baixa desde 2000; apenas 77% das crianças receberam as três doses indicadas para o primeiro ano de vida. Os números também apontam que 312 municípios brasileiros, sendo 44 paulistas, tiveram menos da metade das crianças imunizadas.
Para o MS, cinco razões justificam a queda na vacinação: a percepção enganosa dos pais de que não há necessidade de vacinação porque as doenças desapareceram; o desconhecimento de quais são os imunizantes que integram o calendário nacional de vacinação; o medo das reações; o receio de que o número elevado de imunizantes sobrecarregue o sistema imunológico; a falta de tempo para ir aos postos de saúde que funcionam nos dias úteis, das 8h às 17h.
Outra razão mencionada está relacionada a relatos de que profissionais da saúde aconselham as pessoas a não se vacinarem contra doenças que não existem mais no país. Também são levadas em consideração: a veiculação de notícias falsas e a formação de movimentos antivacina.
Além disso, a queda nas taxas de vacinação vincula-se à mudança no registro de imunização, iniciada em 2012. O sistema anterior assegurava a documentação manual das doses que eram aplicadas mensalmente. Hoje em dia esse registro é feito no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (Sipni), que pode apresentar falhas e necessita de constantes atualizações.