Aspectos Gerais Sobre a Raiva
PqC Dr Enio Mori e PqC Dra Karin Correa Scheffer Ferreira
A raiva é uma doença viral extremamente grave que afeta o sistema nervoso central de todos os mamíferos, é uma doença mantida e perpetuada na natureza por diferentes espécies de animais carnívoros domésticos e silvestres, denominados de "reservatórios", incluindo-se também os morcegos de diferentes hábitos alimentares.
A palavra raiva deriva do latim rabere, "fúria”, “delírio" e do sânscrito rabhas que significa "tornar-se violento" e, da palavra grega lyssa, que deu origem à denominação do gênero Lyssavirus, ao qual pertence o vírus da raiva.
O caminho que o vírus da raiva percorre inclui os seguintes passos no organismo de um indivíduo suscetível: replicação inicial do vírus na porta de entrada usualmente constituída por uma lesão da pele, migração pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central, de onde o vírus se dissemina, infectando outros tecidos não nervosos, causando lesões irreversíveis, levando à morte tanto o homem como outros animais atingidos. O vírus não penetra pela pele intacta, a infecção depende do contato do vírus com soluções de descontinuidade da pele, já existentes ou provocadas por mordeduras ou arranhaduras, entre outras, ou com membranas mucosas como: nariz, olhos ou boca.
É considerada como sendo fatal em quase 100% dos casos se não for tratada imediatamente após a exposição ao vírus. Na verdade, se forem adotadas medidas terapêuticas imediatamente após a exposição ao vírus presente na saliva dos animais infectados, a raiva em humanos pode ser totalmente prevenida antes que os sintomas apareçam. Esse procedimento médico, conhecido como profilaxia pós-exposição (PPE), consiste no uso de imunobiológicos contra o vírus da raiva, que é feito de acordo com a gravidade da agressão e o histórico de imunizações, por meio da administração de uma série de doses de vacina inativada e, em alguns casos, associada à imunoglobulina (heteróloga ou homóloga), que são proteínas que ajudam a neutralizar o vírus.
Embora possa ser prevenida com a utilização de esquemas vacinais, a raiva está entre as dez principais causas de morte humana dentre as doenças infecciosas. Anualmente, aproximadamente dez milhões de pessoas são submetidas à profilaxia pós-exposição e a cada 15 minutos uma pessoa morre de raiva e outras 300 são expostas ao vírus.
Outra medida profilática eficaz é lavar bem o local da ferida, com água corrente e sabão, que teve contato com a saliva dos animais que possam estar infectados, uma vez que o agente etiológico é um vírus envolto por um envelope (composto por uma bicamada lipídica) que é destruído pela ação da lavagem.
Portanto, é muito importante procurar a PPE imediatamente se você for exposto ao vírus da raiva, como em caso de mordidas ou arranhões de animais suspeitos de estarem infectados. Além disso, a prevenção é fundamental, e a vacinação contra a raiva é altamente recomendada para pessoas que vivem em áreas onde a doença é comum (como em populações ribeirinhas da Amazônia) ou para aqueles que trabalham com animais (como médicos veterinários).