Coordenadoria de Recursos Humanos

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Por quê controlar o tabagismo?

Prof. Dr. Marco Antonio de Moraes
Diretor Técnico de Saúde da Divisão de Doenças Crônicas/CVE/CCD/SES-SP
Doutor e Mestre em Saúde Pública
Especialista em Tabagismo

Está científica e amplamente comprovado que o tabagismo em suas mais variadas formas (cigarro, charuto, cachimbo, rapé, fumo de rolo entre outras formas) causa enorme prejuízo à saúde.

 

O consumo de tabaco é atualmente a principal causa isolada e evitável de doença e morte no mundo.

 

A epidemia tabágica é uma das mais graves da era moderna, existindo no mundo cerca de 1 bilhão e 300 milhões de fumantes, consumindo cerca de 7 trilhões de cigarros por ano, levando consequentemente a diversos prejuízos, entre eles a morte de cerca de 6 milhões de pessoas ano no mundo e 200 mil no Brasil.

 

De 1950 até o final do século, morreram no mundo 60 milhões de pessoas por doenças tabaco relacionadas, sendo que, se os padrões atuais de consumo de tabaco não se reverterem, na década dos anos 2020, morrerão 10 milhões anualmente, sendo 3 milhões nos países desenvolvidos e 7 milhões nos países em desenvolvimento.

 

O tabagismo configura uma epidemia que aparece como um dos principais fatores determinantes das duas maiores causas de doença e morte no Mundo, no Brasil e no Estado de São Paulo, que são as doenças cardiovasculares e as neoplasias. 

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS), registra mais de 70 mil pesquisas  publicadas e reproduzidas em diversos lugares do mundo  por entidades da maior credibilidade junto à comunidade   científica, com diversos grupos populacionais (inclusive de diferentes raças, sexo e idade), comprovando a relação causal entre o uso do cigarro e doenças graves como câncer de pulmão (90%), enfisema pulmonar e bronquite crônica (80%),  derrame cerebral (40%) e infarto do miocárdio (25%).

 

Durante o consumo do cigarro, o indivíduo introduz no organismo mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo nicotina, monóxido de carbono, alcatrão , agrotóxicos e substâncias radioativas, que causam câncer. A nicotina causa dependência da mesma forma que a cocaína, a heroína e o álcool, sendo considerada uma droga.

 

Pesquisas demonstram que os fumante adoecem com uma freqüência duas vezes maior que os não fumantes. Eles têm, em média, menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual do que os não fumantes. Além disso, envelhecem mais rapidamente e apresentam um aspecto físico menos atraente, pois ficam  com os dentes amarelados, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo.

 

A mulher grávida que fuma que fuma, além de correr o risco de abortar, tem uma maior chance de ter filho de baixo peso, menor tamanho e com defeitos congênitos . Os filhos de fumantes adoecem   duas vezes mais que filhos de não fumantes.

 

Os danos causados pelo cigarro  também  atinge os não fumantes (fumantes passivos). Basta manter um cigarro acesso para poluir um ambiente com as substâncias  tóxicas da fumaça do cigarro. As pessoas passam 80%  do seu tempo em ambientes fechados e ao fim de um dia em ambiente poluído, os não fumantes podem ter respirado o equivalente a até 10 cigarros. Isso vai depender diretamente da dimensão do ambiente, do número de fumantes e do número de cigarro fumados durante a jornada de trabalho.

 

Por estas razões a prevenção  e o controle do tabagismo  deve se constituir em uma das prioridades dos órgãos governamentais e não governamentais das áreas da saúde, educação, meio ambiente entre outras, tendo em vista, ser um problema multifacetado que envolve e prejudica vários setores da sociedade de  uma maneira geral.

 

Parar de Fumar: "Uma decisão inteligente"

 

Pesquisas demonstram que parar de fumar, em qualquer idade, traz ganhos para a saúde, e mesmo que apenas uma pequena proporção dos atuais fumantes fossem capazes de parar de fumar, os benefícios para a saúde a longo prazo e os benefícios econômicos seriam imensos.

 

 

VEJA O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ PARA DE FUMAR...

 

Ao parar de fumar seu corpo vai recebendo benefícios constantes:

  • Após 20 minutos: a pressão sangüínea e a pulsação voltam ao normal
  • Após 2 horas: não há mais nicotina circulando no seu sangue
  • Após 8 horas: o nível de oxigênio no sangue se normaliza
  • Após 12 a 24 horas: seus pulmões já funcionam melhor
  • Após 2 dias: seu olfato já percebe melhor os cheiros e seu paladar já degusta melhor a comida
  • Após 3 semanas: você vai notar que sua respiração se tornará mais fácil e a circulação sangüínea também irá melhorar
  • Após 1 ano: o risco de morte por infarto do miocárdio já foi reduzido à metade
  • Após 5 a 10 anos: o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram

 

Vale a pena ajudar um fumante a deixar de fumar?

Quando comparadas com as pessoas que continuam a fumar, as que deixam de fumar antes dos 50 anos de idade apresentam, uma redução de 50% no risco de morte por doenças relacionadas ao tabagismo após 16 anos de abstinência. O risco de morte por câncer de pulmão sofre uma redução de 30% a 50% em ambos os sexos após 10 anos sem fumar; e o risco de doenças cardiovasculares caem pela metade após um ano sem fumar.

 

Pesquisas mostram que cerca de 80% dos fumantes querem parar de fumar. No entanto, apenas 3% conseguem a cada ano e a maioria desse grupo, pára sem ajuda. Esse dado é um indicador da capacidade da nicotina de causar dependência, pois, provavelmente, os que têm baixa dependência são os que mais conseguem parar de fumar sem um tratamento formal. Também é um indicador do baixo acesso dos fumantes aos avanços no campo da cessação de fumar, que chegam a aumentar as taxas de cessação de 3% para 20% em um ano.

 

O tratamento do Fumante está entre as intervenções médicas que apresentam as melhores relações custo - benefício. As estimativas de custo - benefício de uma breve abordagem do fumante pelo médico mostram que se apenas 2,7% a 3,7% dos fumantes deixassem de fumar através dessa abordagem, o custo estimado por ano de vidas salvas seria de ordem de U$ 748,00 a U$ 2.020,00, bastante inferior ao custo do tratamento da hipertensão arterial leve a moderada (U$ 11.300,00 - U$ 24.408,00), da hipercolesterolemia (U$ 65.511,00 - U$ 108.189,00) e do infarto (U$ 55.000,00).

Dessa forma é essencial que os avanços alcançados na área de cessação de fumar, tornem - se disponíveis aos fumantes para que um número cada vez maior consiga deixar de fumar a cada ano, o que só poderá ser alcançado se nós profissionais de saúde estivermos comprometidos com essa ação.

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