Instituto Adolfo Lutz atualiza cenário da variante P.4 no Estado
Prevalência atual é de 4%, após novas análises de sequências depositadas em banco mundial
O Instituto Adolfo Lutz e o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde identificaram, na primeira quinzena deste mês de junho, que a variante P.4 do novo coronavírus já circulava desde o início do ano em São Paulo, mas como P.1, a variante batizada de Gamma.
O balanço atualizado pelo Lutz na última semana indica a presença da P.4 em aproximadamente 4% das das amostras analisadas desde o mês de janeiro no Estado. Antes, o percentual era de 20%, mas foi ajustado após apontamentos de pesquisadores da Unesp de Botucatu ao Lutz e retransmitidos ao Gisaid, banco mundial de sequências genéticas.
A descoberta da P4 em períodos anteriores ocorreu após constatação de uma nova classificação genética pela comunidade científica nacional e internacional, mediante a reanálise dos sequenciamentos genéticos feitos pelo Lutz e outros laboratórios da rede.
A Gamma também passa a representar 83% das amostras e não mais 90%. Diferentemente desta primeira, a P.4 não é considerada variante de atenção, ou seja, não há até o momento evidências que apontem maior potencial de transmissão ou agravamento dos pacientes infectados.
Reclassificações filogenéticas ocorrem quando a comunidade científica obtém acesso a mais dados das amostras e, a partir disso, aprofunda os estudos nos organismos. Ao sinal de que determinada parcela de vírus de uma linhagem compartilha certas características de linhagem semelhante, podem ser estabelecidas novas variantes ou a reclassificação de uma variante que antes era associada a um grupo. Estes estudos são possíveis por meio de estudos junto ao Gisaid.
“A reclassificação sistemática dos vírus é natural e ocorre à medida que se conhece mais sobre o agente infeccioso durante a evolução da doença. A redução da incidência da P.4 leva em conta investigações rotineiras, com estudos detalhados que podem atestar novas mudanças a todo o momento”, explica o diretor do Centro de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz, Adriano Abbud.
O percentual de prevalência da P.4 nas regiões é liderado por São João da Boa Vista (20,41%), Araraquara (13,29%) e Taubaté (10,61%). Na sequência, estão Presidente Prudente (7,41%), Piracicaba (5,56%), Sorocaba (5,19%), Ribeirão Preto (4,57%), Grande São Paulo (4,38%), Barretos (4,35%), Araçatuba (3,85%), Marília (3,68%), Baixada Santista (3,37%), Campinas (2,48%) e Franca (1,56%).
Já a P.1 predomina nas regiões de São José do Rio Preto (92,86%), Registro (90,91%) e Barretos (86,96%). Posteriormente, estão Araçatuba (88,46%), Grande São Paulo (86,13%), Ribeirão Preto (83,33%), Araraquara (81,82%), Campinas (81,82%), Bauru (81,48%), Baixada Santista (80,81%), São João da Boa Vista (75,51%), Presidente Prudente (74,07%), Sorocaba (74,03%), Marília (70,82%), Taubaté (68,18%), Franca (64,06%) e Piracicaba (61,11%).
Sobre as variantes
Há centenas de variantes do novo coronavírus ao redor do mundo e apenas quatro delas são consideradas de atenção devido à possibilidade de aumento de transmissibilidade ou gravidade da infecção, por exemplo. São elas: Gamma (P.1), B.1.1.7 (Alpha), B.1.351 (Beta) e B.1.617.2 (Delta).
A detecção de novas variantes do não deve ser confundida com diagnóstico, nem pode ser considerada de forma isolada. Trata-se de um instrumento de vigilância que contribui para o monitoramento da pandemia de COVID-19, não sendo necessário do ponto de vista técnico e científico sequenciamentos individualizados uma vez confirmada a circulação local da variante.
A confirmação ocorre por meio de sequenciamentos genéticos realizados por laboratórios como o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e depende ainda do trabalho de Vigilância Epidemiológica para investigação dos casos, como históricos de viagens e contatos. Pesquisadores em todo o mundo seguem estudando o comportamento da pandemia e as mutações do vírus (SARS-CoV-2).
As mesmas medidas já conhecidas pela população seguem cruciais para combater a pandemia do coronavírus: uso de máscara, que é obrigatório em SP; higienização das mãos (com água e sabão ou álcool em gel); distanciamento social; e a vacinação contra COVID-19, respeitando-se o cronograma e os públicos-alvo vigentes, conforme estabelecido pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) e pelo PEI (Plano Estadual de Imunização) do Governo de São Paulo.