HPV atinge 65% das mulheres na primeira relação sexual
Infecção prevalente em jovens de até 25 anos, o HPV -
papilomavírus humano - contamina cerca de 65% das mulheres do mundo logo
na primeira relação sexual. De acordo com a ginecologista do Hospital
das Clínicas da FMUSP, ligado a Secretaria Estadual de Saúde, doutora
Elsa Gay, aproximadamente 32% das mulheres e 47% dos homens brasileiros
iniciam a vida sexual antes dos 14 anos, idade em que nem sempre já
tiveram informações sobre os riscos de doenças sexualmente
transmissíveis. "Esse início precoce da vida sexual pede ainda mais
prevenção que a esperada dos sexualmente ativos", observa.
O HPV é
uma doença tipicamente feminina, mas um dos vetores mais fortes de
transmissão é o homem. "Estudos internacionais, envolvendo brasileiros,
mexicanos e norte-americanos, mostraram que 73% dos brasileiros
estudados apresentaram o DNA do vírus", explica a ginecologista.
Noventa
por centro das mulheres infectadas por HPV conseguem erradicar o vírus
em até dois anos. Quando essa erradicação não ocorre e a infecção
persiste, a paciente pode vir a ter complicações - como câncer de colo
de útero - e necessita de constante acompanhamento médico. Fatores como
tabagismo e má-alimentação facilitam a infecção. "A mulher que toma
pílula contraceptiva também acaba se protegendo menos na relação
sexual", ressalta a ginecologista, que também é chefe do Setor de
Medicina Sexual do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do HC.
O
exame de Papanicolau é a forma mais confiável de diagnosticar tanto o
HPV quanto outras DSTs. O papilomavírus humano é uma doença silenciosa e
pode se apresentar de forma sintomática - com a formação de condilomas -
ou assintomática. "Por isso, é importante que as jovens, ao terem a
primeira relação sexual, procurem um ginecologista e façam o exame",
alerta a doutora.
O parto aconselhável para uma mãe portadora de
condiloma acuminado é a cesariana. A preocupação dos médicos é que os
filhos venham, depois de alguns anos, a apresentar condilomas na
laringe. "É uma doença rara, mas é muito perigosa, pois dificulta a
respiração", comenta.
A mãe deve estar sempre alerta à sua saúde
para não contaminar os filhos. O cuidado que uma paciente infectada deve
tomar após o parto é sempre lavar as mãos antes de cuidar do bebê, pois
a criança pode contrair a doença da própria mãe. "Toda vez que há
condiloma em uma criança pequena a primeira possibilidade estudada é
abuso sexual, mas muitas vezes existe a contaminação por contato direto
com a mão de alguma pessoa infectada", assinala a médica.
Mulheres acima dos 50 anos também estão em risco
Outro
pico de infecção ocorre em mulheres com mais de 50 anos. "Apesar de não
ser em tão grande número quando comparado ao das mulheres com menos de
25 anos, não se sabe exatamente qual é o fator que aumenta essas
infecções", explica a doutora Elsa Gay. Segundo ela, dois fatores podem
estar relacionados com esse aumento. "Um deles é que a imunidade da
mulher dessa faixa etária é mais baixa e a deixaria mais desprotegida.
Outro fator seria a busca por parceiros mais jovens, tanto da própria
mulher como de seu parceiro", analisa.