sobre FEBRE do nilo


FEBRE do nilo
CID 10: A923

A Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma doença causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, assim como os vírus da Dengue e da Febre Amarela.

O vírus do Nilo Ocidental (VNO) é transmitido por meio da picada de mosquitos infectados, principalmente do gênero Culex. Os hospedeiros naturais são algumas espécies de aves silvestres, que atuam como amplificadoras do vírus (viremia alta e prolongada) e como fonte de infecção para os mosquitos. Também pode infectar humanos, equinos, primatas e outros mamíferos. O homem e os equídeos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, uma vez que a viremia se dá por curto período de tempo e em níveis insuficientes para infectar mosquitos, encerrando o ciclo de transmissão.

Outras formas mais raras de transmissão já foram relatadas e incluem transfusão sanguínea1, transplante de órgãos2, aleitamento materno3 e transmissão transplacentária4 A transmissão por contato direto já foi demonstrada em laboratório para algumas espécies de aves5. Não há transmissão de pessoa para pessoa.

O período de incubação intrínseca (tempo entre a infecção do hospedeiro e a manifestação de sinais e sintomas) nos humanos varia de 3 a 14 dias após a picada do mosquito e pode apresentar manifestação subclínica ou com sintomatologia de distintos graus de gravidade, variando desde febre passageira acompanhada ou não de mialgia até sinais e sintomas de acometimento do sistema nervoso central com encefalite ou meningoencefalite grave. As formas mais graves ocorrem com maior frequência em indivíduos com idade superior a 50.

Estima-se que 20% dos indivíduos infectados desenvolvem sintomas, na maioria das vezes leves (Febre do Nilo Ocidental). A forma leve da doença caracteriza-se por febre aguda de início abrupto, frequentemente acompanhada de mal-estar, anorexia, náusea, vômito, dor nos olhos, dor de cabeça, mialgia, exantema máculo-papular e linfoadenopatia.
Aproximadamente um em cada 150 indivíduos infectados desenvolve doença neurológica severa (meningite, encefalite ou poliomielite), A encefalite é mais comumente relatada do que as demais manifestações neurológicas. Apresentam-se com febre, fraqueza, sintomas gastrointestinais e alteração no “padrão mental”, podendo apresentar ainda exantema máculo-papular ou morbiliforme, envolvendo pescoço, tronco, braços e pernas, fraqueza muscular severa e paralisia flácida. São incluídas as apresentações neurológicas como ataxia e sinais extrapiramidais, anormalidades dos nervos cranianos, mielite, neurite ótica, polirradiculite e convulsão.

No homem, indivíduos com idade superior a 50 anos têm maior frequência de manifestações graves. Após a infecção, os hospedeiros podem desenvolver imunidade duradoura.

No Brasil evidencias sorológicas em equídeos foram detectadas no ano de 2010 em Rio Branco no Acre, Poconé em Mato Grosso e em Maracaju no Mato Grosso Sul. Mais recentemente em 2014 foi registrado o primeiro caso humano de encefalite pelo vírus do Nilo do Oeste (VNO) no estado do Piauí.

Diagnóstico

O teste diagnóstico mais eficiente é a detecção de anticorpos IgM contra o vírus do Nilo Ocidental em soro (coletado a partir do 5º  dia após o início dos sintomas) ou em líquido cefalorraquidiano (LCR; coletado após o 8º dia a partir do início dos sintomas), utilizando a técnica de captura de anticorpos IgM (ELISA). Pacientes recentemente vacinados (contra febre amarela, por exemplo) ou infectados com outro flavivírus (ex: Febre Amarela, Dengue, Zika, Saint Louis, Rocio, Ilhéus) podem apresentar resultado de IgM-ELISA positivo (reação cruzada). Outras provas, como a inibição da hemaglutinação, detecção do genoma viral (PCR), isolamento viral e PRNT também podem ser utilizadas.

Outros achados importantes


Entre os casos graves dos recentes surtos, observou-se que:

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial da FNO inclui diversas arboviroses (neuroinavasivas e não neuroinvasivas) e outras doenças virais febris agudas (como dengue, leptospirose, febre maculosa, e outras) ou com acometimento do sistema nervoso central. Assim, a abordagem sindrômica é a mais indicada para a vigilância da FNO, a partir da identificação de pacientes com quadros neurológicos de etiologia viral (encefalite, meningite, meningoencefalite, paralisia flácida aguda) sem causa conhecida.

As principais causas das doenças neuroinvasivas são meningite asséptica, encefalite ou paralisia flácida aguda. Estas doenças são normalmente caracterizadas pelo aparecimento de febre acompanhada de rigidez da nuca, estado mental alterado, convulsões e fraqueza muscular. A paralisia flácida aguda pode ser resultado de poliomielite anterior, neurite periférica, ou uma neuropática desmielinizante periférica pós-infecciosa, ou seja, a síndrome de Guillain-Barré. Já as doenças não neuroinvasivas são capazes de causar febre sistêmica aguda que podem incluir dor de cabeça, mialgia, artralgia, exantema, ou sintomas gastrointestinais. Raramente causam miocardite, pancreatite, hepatite, ou manifestações oculares, tais como coriorretinite e iridociclite.

Tratamento

Não existe vacina ou tratamento antiviral específico. O tratamento é sintomático para redução da febre e outros sintomas. Os casos mais graves frequentemente necessitam de hospitalização para tratamento de suporte, com reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias, além de tratamento específicos para pacientes com quadros de encefalites ou menigoencefelite em sua forma severa.