Sobre a Doença
Filariose Linfática
CID 10: B74.0
A filariose linfática está em fase de eliminação no Brasil, com área endêmica restrita a quatro municípios situados na região metropolitana do Recife/PE: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista, tendo o último caso confirmado em 2017.
Para que ocorra a transmissão é necessário que exista um conjunto de fatores que propiciem a infecção, entre eles a presença do mosquito transmissor, Culex quinquefasciatus, infectado com larvas no estágio adequado para causar a infecção humana. O ser humano é a única fonte de infecção do mosquito. Não há participação de animais silvestres ou domésticos como reservatórios do parasito Wuchereria bancrofti no ciclo de transmissão da filariose linfática. Assim, em áreas sem a presença de pessoas infectadas não há possibilidade de transmissão.
Um fator de risco importante é a permanência da pessoa em área endêmica por um longo período. Geralmente residindo na área há mais de 10 anos e em locais onde as condições socioambientais favorecem a presença do vetor. Assim, a infecção é pouco esperada em viajantes ou residentes que permanecem por um curto período em áreas endêmicas.
No Brasil, o inquérito nacional realizado na década de 1950 mostrou a não ocorrência de transmissão autóctone no estado de São Paulo. Devido à baixa probabilidade de infecção autóctone no estado, antes de iniciar uma investigação específica para filariose linfática, é recomendado esclarecer se o edema do paciente examinado é de origem linfática ou não, sendo a linfocintilografia um exame de apoio importante para o diagnóstico (Apêndice B, pág. 66, Guia de Vigilância Epidemiológica e Eliminação da Filariose Linfática – Ministério da Saúde, 2009). Durante a avaliação clínica, além de considerar o histórico epidemiológico do paciente, é importante avaliar a possibilidade de outras etiologias como causa do edema (erisipela e celulite de repetição, trombose, insuficiência venosa e alterações anatômicas como síndrome da compressão da veia ilíaca).
Atualmente, a orientação do Ministério da Saúde é que, frente a um caso suspeito, seja realizada a identificação morfológica do parasito pelo laboratório do Serviço de Referência Nacional em Filarioses (SRNF), no Instituto Aggeu Magalhães (IAM), Fiocruz/PE, antes do tratamento específico com Dietilcarbamazina (DEC), droga dispensada exclusivamente pelo Ministério da Saúde.
No entanto, vale ressaltar que o tratamento do paciente afetado por filariose depende do tipo de manifestação clínica da doença (pacientes assintomáticos, crônicos ou com infecção ativa). Para os casos de pacientes com formas crônicas, sem a presença de infecção ativa, a conduta adotada não inclui o tratamento específico antifilarial. Nesses casos, as medidas visam proporcionar maior conforto e bem-estar aos pacientes. Informações detalhadas em relação ao diagnóstico específico e diferencial (destaque para a erisipela de repetição), além do tratamento adequado para cada forma clínica, estão disponíveis no Guia de Vigilância Epidemiológica e Eliminação da Filariose Linfática (2009) e Guia de Vigilância em Saúde (2023), do Ministério da Saúde.
Na suspeição clínica, cabe à Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses/CVE fazer a intermediação entre município/GVE e Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública - CGLAB/Ministério da Saúde para o agendamento das datas de envio das amostras do Instituto Adolfo Lutz - IAL/Central para a Fiocruz/PE.
Para o envio das amostras, primeiro devem ser encaminhados para a Divisão de Zoonoses, via e-mail (dvzoo@saude.sp.gov.br), os seguintes documentos: Ficha de Investigação Individual de Filariose (não abrir ficha SINAN numerada, pois a doença não é de notificação compulsória), relatório médico (dados clínicos, histórico epidemiológico e resultados de exames já realizados) e pedido de exame parasitológico para filariose.
Após o recebimento da documentação será realizado o agendamento junto ao Ministério e assim que a transportadora contratada confirmar a data, o GVE será avisado para que informe os municípios. As amostras são enviadas em remessa única, conforme demandas informadas pelos municípios até a data agendada.
As orientações para coleta e envio de amostras para o diagnóstico laboratorial da filariose estão descritas detalhadamente no documento orientativo disponível no site do CVE.
Elaboração
Equipe técnica - Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses/CVE
Atualização: 10/05/2024
-
169 KB
Filariose_Linfatica_052024.pdf
Formato: PDF
visualizar download